terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Começa o mundo enfim pela ignorância

Fiquei muda diante do teclado como me calei diante a vida.
Não existe eufemismo possivel ante a tragédia tão ao lado, não existe pouca exposição nem palavras completas que não tendam ao sensacionalismo.

A tristeza que cala sozinha e acompanhada da impotência. Essa última que não traz consolo, apenas o da fé. Esse último que nos diminui, nos coloca no tamanho mínimo compatível com nosso tamanho real no universo.

Menosprezar essa impotência apenas mostra a ignorância frente a grandeza do que estamos vivendo. Uma vida diz adeus e tudo o que podemos fazer é acenar de volta, torcer para que faça boa viagem pelo caminho melhor e esperar até o dia em que nos viraremos apenas para acenar.

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?

Se formosa a luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol e na luz, falta a firmeza,

Na formosura não se crê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

[GREGÓRIO DE MATOS]


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